quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Para Kan



- Continuo esperando Godot!
- Esperando Godot?
- Sim, ele chegou, acho que chegou...
- Você não sabia que ele havia sumido...
- Estava esperando que ele aparecesse.
- Lembrei que você havia dito que tinha ido onde eu não podia ir!
- Engano seu... também fui... fui além, além mar... onde só os deuses podem se surpreender... onde Afrodite recolhe suas contas e escolhe seus pares...
- Sabia que Godot morreu? Igual a Cacilda Becker! Adoro Cacilda e o Caetano...
- Preciso ir...
- Não!!! Me leva com você!!! Não quero ficar aqui sozinho, sem você! E ainda esperando Godot!
- Meu bem, eu estou aqui...
- ...
- Achei que você tinha ido embora!!!
- Não te deixaria nunca só... era o telefone... estou confusa! Como?
- Me põe no colo e me dá do seu leite para me acalmar...
- Você bebeu saké?
- Não!!! Pareço bêbado???
- Não, parece “desprendido”
- Ou seria desaprendido?
- Acho que nós estamos desesperando Godot!
- Mas as palavras confundem mesmo.
- Tudo do que é e o que não é!!!!
- Vixe... eu precisava de uma cerveja... e na minha geladeira só tem leite!
- Mas você nem me deu atenção... sumiu... igual Godot! Vou sair cabisbaixo do palco... e depois apagar as luzes... quieto... sem uma palavra.
- Disseram que Godot tinha morrido.. há controvérsia... vou continuar a esperar!
- Vou partir! Não sei... acho que tenho que ir!
- Não vai... fica comigo, espera comigo, acende a luz e fica comigo!
- Sério?
- Ele morreu de quê?
- Sei lá, isso não é tão importante... o mais importante é nosso diálogo... esse encontro... nós dois aqui, juntos esperando ele!
- E agora, que fazer?
- Esperar!
- Mas se ele morreu, para quê esperar?
- Esperar a metamorfose... que o tempo se cumpra... as dores passem e a gente reaprenda a viver!
- Mas nós não podemos, estamos presos ao passado!
- Não!!!! Podemos sim!!! Podemos SIM!!!
- Acho que vou partir.
- Espera meu bem, não me deixe sozinho!!!! Volta, Volta!!!!
(ela sai do palco... ele chora...)
- Fim!!! Como a maioria das peças acaba sem um final decente!!!
- Mas eu voltei... estava escuro, não havia ninguém adiante, voltei para te dar as mãos e permanecer junto nessa espera interminável!

3 comentários:

Ramon de Alencar disse...

...
-Para aqueles que conhecem a medida do tempo, e o peso de um mil quilômetros, para aqueles que souberam ler o que a tábua das marés quis dizer... para todos estes, o verbo Esperar tem qualquer coisa de parecido com Esperança...

Mas a espera nunca é verde...

Caps disse...

I
TODO ESTÁ fuera
nada queda dentro.
Tú mismo estás afuera, a medio hacerte
a medio construir, como esa casa
llena de andamios.
Lo más hondo no es íntimo: está afuera.
Hondura de vivir día por día
con otros, entre otros.
Falsa hondura del abismo
que sólo tú has pisado
y entre sueños has visto.
Demasiados abismos verdaderos
hay que cruzar, despójate de sombras
mira el real abismo:
se ha abierto como un tajo sobre el suelo
de la querida tierra
y tal vez no lo has visto.
Tal vez cruzas sin ver por dónde andas
de qué lado caminas, dónde apoyas
el pie… Tal vez estás perdido
en marañas espesas, trepadoras
dentro de ti. Arráncalas, arráncalas.
Lo más hondo no es íntimo.

Circe Maia


"Amiga a la Distancia", leyendo tus escritos, me surgió dejarte un Poema de Circe, que es Uruguaya.

Abrazo y Beso

Ramon de Alencar disse...

...
-Estejas a vontade:
effanos@gmail.com
ou
escritor_de_sonhos@hotmail.com