sexta-feira, 13 de abril de 2012


Quero ser dona de mim!
Não consigo admitir o fato que não possuo as rédeas de minha própria vida. Estar me deixando ser dominada por você me faz ser algo desconhecido, algo amedrontador. Tudo fica diferente, colorido. Mas eu gostava quando era apenas branco e eu pegava meus lápis de cor e possuía o domínio nas minhas mãos. O processo era outro... Está ficando tudo diferente. Não posso ser convidada pela folha branca a adentrar em sua casa. Não! Eu o convido a adentrar na minha folha branca e te pinto como quero. Do meu jeito, hoje menino, amanhã carrasco, depois meu pai, noutro dia meu amante, ou mesmo o espectador do meu novo romance secreto! Minha nova paixão! Eu devo dizer sim ou não ao papel e ao lápis. EU! Eu! Você me entende? Não me obrigue nunca a escrever. Não permitirei jamais, jamais? Será? Ah, como estou confusa... não quero ser dominada pela inspiração. E aqui estou: frente ao caderno, com meus lápis, obrigada a escrever algo que te retrate... Apaixonada por esse branco todo, vendo seus olhinhos fechados, os cabelos molhados pretos como a noite, sua pele macia, seu sexo dentro de mim... Meus gemidos baixos, pensados ou não, minhas narinas ofegantes, meus lábios entreabertos, os maiores e os menores, meu suor, meus olhos fechados e os seus me observando (é desse jeito sempre, né?). E você adentrando e saindo, lento e rápido, forte e fraco... Completando-me, me encharcando... por vezes até machucando.... E depois caindo sobre mim, cansado!
Não está certo!
Quem manda na folha branca sou eu! Eu decido o que pintar... Mas agora nesta folha branca só existe um rosto...
Eu não sou dona desta obra, não possuo esta autoria. Se você me convida a escrevê-lo. E eu não consigo dizer NÃO! Não sou autora nem pintora de droga nenhuma. Tudo bem. Eu cedo. É seu mesmo...

Este texto se chama “Eu sobre ela” e é de sua autoria. E eu nem gosto tanto.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Grávida


Estou gravida das tuas palavras e tuas análises... Elas penetram em meus ouvidos como se fossem sêmen adentrando entre as minhas pernas, ânus, vagina! Seu sêmen pelas minhas entranhas dilatam meus poros, aquece meu corpo. Sei que sou mais uma. Que espera ansiosa pela semana que se arrasta, como uma preguiça mortal, como uma lesma medonha, gosmenta. Tenho nojo de lesmas e me imagino assim quando estou perto de você! As outras pacientes são lesmas gosmentas a espera do tempo. Dos míseros trinta ou quarenta minutos de penetração verborrágica que você pode como um Deus nos oferecer! Qual Deus do Olimpo você seria? Pan? Apolo? Dioniso? Estou sendo clara? Não! Apenas estou sendo benevolente contigo.
Estou grávida de você, espero paciente... mente uma borboleta em forma de anjo, como aquela que tentei pintar. Mas eu não desejo parir logo, com exceção das que te querem logo, eu tenho uma paciência monstruosa... Paciência de Medusa. Espero minha presa chegar mansamente e olhar nos meus olhos.
Seu líquido, que se apossou dos meus ouvidos gerou a borboleta. Não lembro quando acordamos grávidos e nem quando você começou a me possuir. Eu poderia paciente...mente me entregar numa bandeja à você!
Você diz que encontrou o método, não creio... não sou tão fácil quanto pareço! É um jogo de atriz de quinta categoria. Mas continuo gestante e até me deixo ser ingênua ao seu lado. Mas... ainda assim, continuo esperando... e paciente...mente espero ser possuída novamente por você Doutor! Agora não mais semanalmente e sim quinzenalmente até o dia que você tenha a coragem de olhar-me nos olhos!

Foto: Gustav Klimt - Hope I 1903