segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Milan Kundera disse que não se brinca com as metáforas pois elas são perigosas!
Mas e nós que temos esses corações lânguidos e intranqüilos?
Meu peito parece que vai explodir quando vejo um entardecer!
Minha alma então, quando é tocada por um filme, um poema uma canção fica como que inebriada, perdida por entre as reticências e pelas aspas. Por vezes só consigo ser não sendo e estar... fugindo!
Se vago por entre as pernas de um passarinho,
Se me expresso por entre linhas e muitas das vezes que estou rindo se esconde um mar de lágrimas em meu peito...
O que será então dessa pobre criatura que sou?
Deste ser inacabado e tão repleto de sensações?
Se meu tempo também é quando e meu lema é longe é um lugar que não existe,
Onde é que eu me coloco, por onde que me desloco e com que pernas me encosto?
Ah, Milan, como pode fazer isso conosco (literalmente conosco, pois lhe incluo nessa parada)?
Se todo esse medo é porque o amor pode nascer de uma metáfora!
Que venham então todos que metaforicamente conseguem rabiscar, diluir, interpretar, cantar, apaixonar, divagar, silenciar, inebriar, esticar, propagar, anunciar, projetar, despertar... o amor nesse coração do tamanho de uma semente de girassol!

Venha

“Venha para perto, Ulisses, venha para perto...“
E quando minhas mãos te tocarem
Farei com que tudo seja percebido,
Mesmo que você se assuste com meu corpo de pássaro,
Minha voz doce te acalmará...
Ulisses, não tema as sereias,
Só elas podem te ajudar a acordar para o verdadeiro prazer...
Esqueça as mãos do passado,
E uma nova canção balbuciarei em seus ouvidos.
Ulisses, Ulisses...
Venha para perto.
Não caminhe para os Sertões alheios,
Não vague entre outras pernas,
Não esmoreça em sua caminhada.
Se escutar meu canto,
Prometo levá-lo por uma estrada sem volta,
Você acordará louco, numa loucura em Circe.
Não se prenda ao mastro, ou navegue em outros rios,
“Venha para perto, Ulisses, venha para perto...“
Ainda que se amarre, ainda que vague,
Sua perdição é uma sereia,
E é em minhas mãos que acordarás sonâmbulo...