sexta-feira, 29 de junho de 2007

Tristezas

Rubem Alves diz que existem dois tipos de tristezas: as diurnas que são as que estão iluminadas pelo sol! São as dores impostas pela vida, às perdas dos entes queridos, a falta de trabalho, as separações de amigos que a gente antes acredita serem “casais perfeitos”, a revolta que sentimos ao assistirmos a televisão, o crime, os meninos no trafego ou tráfico... Essa coisa louca que se tornou o dia a dia e a perda dos nossos valores... Enfim, são tantas as tristezas diurnas que se fosse descrevê-las, só as minhas ocupariam folhas e mais folhas de ofício A2.

E por fim, como disse o poeta, tem também a tristeza do crepúsculo: essa ultimamente tem vindo me visitar com freqüência, pois de minha janela eu visualizo o entardecer todos os dias. Essa tristeza é danada, porque dá um apertozinho no peito e a gente sente uma saudade tão esquisita. Quanto mais a tarde vai caindo nos vamos lembrando de coisas e de pessoas e de bichos e flor e do amor...

Ah, a vida! Essa tênue linha que cruza o horizonte...

Agora de minha janela tem um céu azul-amarelado, com um marzão acinzentado e um barquinho que todo dia pesca no mesmo lugar, lá deve ter um montão de peixes, ou então, o pescador que ali habita também gosta de sentir esse apertozinho de fim de tarde no coração e olhar para o céu.

E eu, o pescador, rubem alves e o pequeno príncipe ficamos ainda mais tristes admirando o por do sol!

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Duas Pilhas

Tem momentos que é melhor não dizer nada
Nem uma pequena palavra sequer
È melhor fazer outra coisa: ouvir um pequeno radinho de pilhas...
Eu que não queria dizer aquilo
Não entendi direito o que você falou
Foi realmente aquilo que você gostaria que eu escutasse?
Ah, se as pessoas chegassem até nós com um glossário...
E antes do glossário com um manual de instrução!
Tudo parece neblina às vezes
Tudo parece escuro
Solidão
Não diz mais aquelas coisas
Eu também ficarei calada...
Amor.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

"Uma faraó"
Hatshepsut se vestia de homem e também usava uma barba postiça enorme, queria ser rei... era “uma rei”
Hatshepsut era uma Faraó!
Se pudesse voltar no tempo viajaria ao Egito Antigo e tentaria conhecer Hatshepsut... Talvez até virasse sua serva.
Algumas mulheres fazem coisas inimagináveis para não serem submissas e excluídas.
Nós, somos gente, somos femininas, mas também somos Maria Quitéria, Diadorim, Hatshepsut, entre outras coisas...
Ah, e a amar, também!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Entrelinhas

Queria me vestir de brisa,
Vagar no tempo
Revelar mistérios
Decifrar-me,
Não ser tão frágil (nem fingir não ser)

Invoco você, e seu corpo,
Meu menino,
Porque durante muito tempo procurei minhas pétalas,
Minhas rosas, e meu jardim de ilusões.
Escondendo sentimentos,
Me esquivando detrás dos caules firmes,
Eu não era firme, só os caules no qual me apoiava.

E hoje, você passeia nos meus sonhos,
Brinca com minhas flores,
Amarelas.
Vaga solitário
E embriagado em música nas noites sem ensaio,
De improviso na nossa pequenina casa,
E gemidos abafados,

Talvez parta,
E esqueça meu rosto, seu cheiro
Mas, se existe música, fica,
Sua solidão é minha solidão também,
Guiando meus dedos tortos,
Levando-me aos labirintos.

Sei a dor da ausência,
Da marca deixada no peito esquerdo,
Fundido em brasa, queimando,
Sei o poder do som perpetuado na memória,
E do silêncio em forma de pausa,
Que canta nas entrelinhas,
Um beijo sentido,
Que falta.

Transparência...

Estamos acessos
Dentro do jogo de espelhos
Que brinca com nossas imagens
Envolvendo, clareando, desenhando
Refletindo...

Que bons ventos o trazem
Guiado por uns dedos,
ou seriam uns versos,
opacos e transparentes?

Yemanjá,
Que mares deseja que eu naufrague,
E que contas me trouxe para enfeitar a pele?
Eu até que nadaria, se soubesse.

Mas me sobra uma coragem de gigante
Que me faz certa de flutuar,
E ainda que eu desça ao fundo
Não existe morte.
Porque a dona das águas
Que mora no verde dos olhos,
Me pede que eu tenha a coragem,
E que mergulhe, perdida
Porque lá adiante, ela me salva,
Embalada pelas ondas, vestida de algas
Refeita do amor de mãe
E me fazendo estrela das transparências,
Menina dos Olhos d’água.

Depois da Madrugada...

Já era bem tarde
E chovia atrás dos verdes que de tão escuros já não eram mais verdes
Eram cinzas...

E foi que de repente,
Ouvi um barulho de passos devagar, um rumor de cascatas que me atraiu a atenção.
Mas o tempo ainda permanecia imóvel,
Porque se fazia escuridão dentro de um peito perdido, que mais parecia um cemitério onde os fantasmas eram os atores principais.

Mas era tanta tristeza nos olhos da menina,
Que até perdi a conta dos choros que foram abafados com cobertores de lã,
E dos gritos emitidos numa tarde de tenebrosa dor.

Mas o tempo hoje se esvai numa calmaria só,
Tudo ficou um pouco velho... velhos...
Porque a vida passa no burburinho da noite
E nesse tempo infinito o sol vai se forrando de amarelo,
Cobrindo os antigos verdes cinzas
E o coração despedaçado
Se constitui novamente num vermelhão vívido
Revivido numa nova paixão.
Estou a ouvir Adriana.
”Amor perfeito, amor quase perfeito...”

Deito no chão e fico observando as folhas brancas dos papéis à minha volta, uns falam de Grécia, outros de contos, histórias, estórias. Tudo gira...
Me recordo do meu tempo de menina. Do “nosso tempo”. De minhas tristezas que não mudaram, que continuam enraizadas, e que nunca pude te contar (e você as escutar). Displicentemente, nunca te contei, nunca tive a coragem de falar a ninguém.

Nem sei porque estou escrevendo essas coisas, pode ter sido pelas canções do CD, ou pelo seu jeito impenetrável. Que não mudou e que “nunca” irá mudar.

Me arrependo de não ter falado coisas, coisas que me aliviariam um coração apreensivo. Insatisfeito. Percebo que amo as palavras e que nos últimos 4 meses fiz delas o meu lema, falo o que sinto, demonstro, expresso: e é tão bom, tão gratificante. Só me arrependo com relação a “nós dois”, das coisas que pensei e que nunca lhe falei, as boas e as ruins, as que ainda hoje me fazem sofrer, me fazem sentir ódio, ódio de mim por omitir, por fingir esquecer, esquecer as dores, por fingir não saber – tantas coisas.

Mas, é a vida. Preciso dizer que é bom estar presente, e poder ver de perto o rio correndo e eu ficar a margem dele vendo o tempo passar (o roteiro sendo finalizado), o filme ir chegando ao final...

Sinto saudades da Casa: as vezes ainda acordo no meio da noite com bons pesadelos, pareço estar lá, penso nos meus amigos secretos que habitam impregnados nas paredes, no subsolo... e ainda choro com saudades daquela atmosfera que tenho certeza (apenas eu posso sentir) de um passado...

Já é bem tarde. Não consegui perder o meu terrível defeito de ter insônias. Andei tomando umas pílulas, agora parei. Resolvi conviver com ela, perece ser mais sensato e menos prejudicial à saúde, então procuro ler ou escrever na madrugada, as vezes cartas que nunca enviarei, livros que nunca terminarei, contos que nunca publicarei... e aliando-me ao relógio e ao frescor da noite, vejo o tempo transcorrer suave e calmo.

É estranho saber que esses laços não são desvencilhados com a facilidade que nossas mentes gostariam.

A mulher de braços cruzados

As vezes pensamos, e não falamos.
As vezes falamos e nada dizemos, enrolamos, escondemos.
E lá no nosso íntimo fica a sensação de tristeza, de incertezas.
Talvez pelo que se deixou de fazer (ou dizer).

Debruço-me sobre as janelas, navego em meus pensamentos pergunto as nuvens de onde vens, se vens...
E não encontro resposta, o tempo voa, só ouço ecos lá fora.
Um eco febril, contaminado pelo tempo dos homens, que corre circular como o relógio, e que nem o pulso pulsando consegue reverter ou modificá-lo.

Me recordo vagamente de um acorde, ou seria um trecho de poema, seu?
Inútil procurar o que poderia ter sido eterno, inútil.
Por isso vago no meu tempo, estranho, e meu .
Talvez quem sabe escreva uma estória que contenha fragmentos desses nossos momentos, de suas histórias tristes e da minha melancolia escondida atrás do sorriso, ou das canções que canto.
Assim, lembraremos que o tempo passou, correu como um louco procurando desvendar esses enlaces de vidas, essas quimeras, esse mistério que é o amor ou a morte.

Essa mulher de braços cruzados, escondendo os dedos, as mãos...
Os sentimentos.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Sei lá

Ontem à noite tentei olhar para mim, buscando uma resposta para um pensamento que não saia de minha cabeça: como me percebem os seus olhos? Para mim é estranho olhar-me no espelho, pois sempre foi fácil perceber-me de dentro pra fora, como uma gravação... Sei reconhecer-me melhor através da emoção, da impusividade, do não dito. do que parte do coração...

terça-feira, 19 de junho de 2007

Memórias

Hoje vasculhando minhas coisas
Eu encontrei
Escritos
Escritos e vestígios
De um passado remoto,
Desenhado em versos e contos
Esquecidos entre papeis e livros mofados
Carcomidos por traças
Eu havia esquecido
O quanto o tempo passou
O quando estamos mudando....
Às vezes os textos devem ser queimados ou rasgados...
Tão triste...
Memórias remotas

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Amor

Me sinto novamente nascendo
Como uma criança de olhos enormes
A procurar o dia
A tentar entender a noite
Observando tudo ao redor
À direita
À esquerda
Não perdi a capacidade de me espantar com tudo
De me assustar com sons altos e repentinos
Me estarrecendo com as atitudes alheias
Sei que o amo
Mas não quero pensar
Se penso esqueço
Não quero lembrar para não esquecer
Não quero olhar para não perder
Quero sentir sem me dar conta
Quero amá-lo
Sem saber
Quero sentir uma coisa no peito
Um aperto
E uma saudade incomensurável.

Pequeno

Quando estou triste também gosto de olhar o pôr-do-sol...
Carrego dentro do meu peito uma floresta inteira
Um mar sem fim
E uma rosa apenas
Elas gostariam de ser como ela
Única
Bela
Serena
Estou tão triste quanto um pôr de sol
Da minha janela quando avisto o mar,
Converso com ele
Lhe conto uma porção de segredos
Lhe falo da minha alma de artista impossível de ser preenchida
Aguardo uma borboleta
Que ainda não chegou trazendo um segredo
Minhas amigas silenciosas
Minha alma está tranqüila
Sem que o tempo de colher é esse
E se me entristeço as vezes
É porque é justo
O sol se põe
A madrugada transcende
Borboletas sobrevoam à procura...
Meus olhos procuram o pôr do sol

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Interrogação

Existe um mistério
Daqueles em que ficamos perdidos sem saber qual caminho seguir
Existe uma dúvida
Que teima em atormentar o coração
Quando é noite se deseja o dia
Quando é dia...
Solidão
Batendo
Batendo
Lembrei de Clarice
Segundo ela Deus não é humano e ainda assim às vezes ele nos diviniza
Porque o amor escraviza o coração?
Porque o amor é feito trapezista?
Quando menos se espera ouve-se um grito alto
E ele cai perplexo
Entontecido
Quero acordar serena...
O que eu quero?
?
?
?
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo com sabor de fruta mordida...