quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Além do mar



Havia um mar ali estendido em minha frente
Um lençol azul, embalado num vento com cheiro de terra distante
Eu sempre ficava daquele jeito,
Sempre,
Nos mesmos horários
Repetindo-me... como um relógio de parede,
Procurando olhares,
Catando os segundos, que se repetiam...
Sentindo cheiros que já não mais sabia se eram verdadeiros ou imaginários,
Porque se eu já me repetia há tanto tempo,
Porque os cheiros seriam reais,
Subia-me vez por outra um desejo de correr aos teus braços,
Buscando afagar-me em seu peito,
Suas mãos que já me possuíam sem pudores...
Cheiro de lençóis molhados, suados, de pele
De um pecado cúmplice, ardente...
Eu não sabia explicar
Como era que chegava até mim,
Vinham sorrateiros, enquanto ficava parado,
Apenas olhando além do mar...
Vou me repetir:
“não se deve tocar em nada com o pensamento, pois disseca o coração”
(foto: Almir Jr.)

Um comentário:

Ramon de Alencar disse...

...
-Há momentos onde sentir apenas basta...