sexta-feira, 4 de maio de 2012

 
Há tempos não escrevo particularmente para alguém, assim, como uma devoradora do instante, como se o fosse perder a qualquer momento. Há tempos não faço tantas coisas... Mas, agora, com lápis, papel e o pensamento envolto, à ti escrevo, inebriada, às vezes alheia, com olhos sedentos fitados para a página antes neve.


Não penso em objetivos, escrevo apenas pelo prazer de escrever, aliás, desde pequena gosto de cartas, gosto de endereços (agora devo acrescentar a lista também os e-mails), pois descobri cedo o quanto é terno perceber que um alguém constrói frases em minha cabeça... essa percepção tive ainda pequena e me dei conta que de fato o longínquo não existia. E assim sou, sempre que necessito de algo, sinto saudades de alguém, pressinto o mistério da noite, um diálogo... me ponho a escrever, escrevo a toa, escrevo sem nada, um diário é um amigo, contrapeso de solidão.

 Mas não é o caso, agora escrevo-te como num diálogo de um ator só, no qual ele já sabe, ou não precisa de respostas, e segue sem preocupações, sem medos nem receios.

 Já é bem tarde, algumas horas atrás escutei um CD, depois fiquei pensando em você, lembrando do seu jeito  estranho.. é engraçado, e você é tão forte. Ainda agora o som flutuava pelo meu quarto, tão sutil, uma coisinha de nada, mas  eu o antevia escalando o espaço, arrojando-se sobre abismos, intrépido, audaz, tão seguro de si.

 Me vi flutuando num caleidoscópio (amarelo) de sons, sons de todos os pássaros, de mar, de flores, de chuva... quase uma caixinha de música que tive quando criança e que me levaram, não sei bem, um dia sumiu e nunca mais achei. Você me fez recordar a caixinha, me trouxe ela de volta...

 Já é bem tarde, tudo é silêncio, a cidade dos homens está dormindo, os homens também, revejo pela janela e numa fresta da cortina a rua deserta, as casas fechadas e o silêncio total. Acho que é cedo demais para fazer qualquer coisa e prometo então permanecer quieta, com meu desejo de conversar reprimido, e se escrevo também é porque sinto um desejo irreprimível de me comunicar.


Logo, logo te mandarei o escrito, como se fosse uma partitura de palavras composta noturnamente, criada sobre um piano de nuvem,  escrito numa partitura pálida e embalada pelo som de um mar distante, assim, nessa madrugada sorrateira eu escrevo apenas para dizer-lhe que estou feliz por conhecê-lo e que escutar sua voz me traz uma enorme alegria.

Dorme sossegado, temos todo tempo do mundo... a noite ainda é uma criança,


Bom dia, meu sei lá o quê!!!!

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