quinta-feira, 21 de junho de 2007

Estou a ouvir Adriana.
”Amor perfeito, amor quase perfeito...”

Deito no chão e fico observando as folhas brancas dos papéis à minha volta, uns falam de Grécia, outros de contos, histórias, estórias. Tudo gira...
Me recordo do meu tempo de menina. Do “nosso tempo”. De minhas tristezas que não mudaram, que continuam enraizadas, e que nunca pude te contar (e você as escutar). Displicentemente, nunca te contei, nunca tive a coragem de falar a ninguém.

Nem sei porque estou escrevendo essas coisas, pode ter sido pelas canções do CD, ou pelo seu jeito impenetrável. Que não mudou e que “nunca” irá mudar.

Me arrependo de não ter falado coisas, coisas que me aliviariam um coração apreensivo. Insatisfeito. Percebo que amo as palavras e que nos últimos 4 meses fiz delas o meu lema, falo o que sinto, demonstro, expresso: e é tão bom, tão gratificante. Só me arrependo com relação a “nós dois”, das coisas que pensei e que nunca lhe falei, as boas e as ruins, as que ainda hoje me fazem sofrer, me fazem sentir ódio, ódio de mim por omitir, por fingir esquecer, esquecer as dores, por fingir não saber – tantas coisas.

Mas, é a vida. Preciso dizer que é bom estar presente, e poder ver de perto o rio correndo e eu ficar a margem dele vendo o tempo passar (o roteiro sendo finalizado), o filme ir chegando ao final...

Sinto saudades da Casa: as vezes ainda acordo no meio da noite com bons pesadelos, pareço estar lá, penso nos meus amigos secretos que habitam impregnados nas paredes, no subsolo... e ainda choro com saudades daquela atmosfera que tenho certeza (apenas eu posso sentir) de um passado...

Já é bem tarde. Não consegui perder o meu terrível defeito de ter insônias. Andei tomando umas pílulas, agora parei. Resolvi conviver com ela, perece ser mais sensato e menos prejudicial à saúde, então procuro ler ou escrever na madrugada, as vezes cartas que nunca enviarei, livros que nunca terminarei, contos que nunca publicarei... e aliando-me ao relógio e ao frescor da noite, vejo o tempo transcorrer suave e calmo.

É estranho saber que esses laços não são desvencilhados com a facilidade que nossas mentes gostariam.

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