terça-feira, 25 de novembro de 2008

Salva-vidas?

Chego até a popa deste veleiro,
Um vento refrescante atiça os meus pêlos,
Adoro esse vento dos dias chuvosos.
Observando o mundo da popa do veleiro imaginário,
Percebo que a cada instante que segue, me torno mais inteira, e ao mesmo tempo mais contraditória.
Antes, quando ainda tinha meus braços entrelaçados com as necessidades mundanas,
Sofria de coisas, agora imperceptíveis.
Não me cabe mais correr desesperada,
Afogar-me na tentativa de alcançar a terra...
Vou navegando...
Curtindo o tempo das coisas,
Remando conforme a maré.
Às vezes chego a pensar que isso pode ser coisa da velhice,
Mas ainda sou uma pequena.
Eu queria não ter este salva-vidas amarrado em mim,
Eu queria não temer teus braços,
E esperá-lo com os meus abertos.
O que se pode construir dentro de quartos?
O amor pode nascer do cansaço das noites de sexo?
O que realmente possuem os amantes além de desejos, álcool, cigarros...?
Por que só me resta no final das contas o príncipe encantado, o mesmo que me cercava quando era pequena?
Por que não assumir tudo, jogar fora o salva-vidas e encarar você como o rei torto do meu palácio de dúvidas?

Ah, meu bem... perdão por me permitir sobreviver neste labirinto de incertezas,
Por não possuir mais a coragem de outrora,
Por ter me transformado nesta mulher que tem medo de cair
E que sempre se levanta após cada queda...
Eu só queria mesmo era ter a coragem de lhe pedir,
Que numa dessas noites de paixão
Você, anjo torto e insano (e és tão belo assim...)
Com muito cuidado e jeitinho,
Desatasse esse colete que está amarrado em minhas costas,
Depois me abraçasse
Beijasse minha face,
E me colocasse para dormir segurando meus dedos.

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