domingo, 7 de dezembro de 2008

É só uma questão de jeito

Escrevo porque sempre tenho necessidade de ver as coisas de um jeito diferente do que são: as coisas...
Quando era pequena eu tinha muitos amigos que só apareciam para mim. Um deles era um menino lourinho que lembrava muito o Pequeno de Saint-Exupéry. Tinha uma senhora de cabelos brancos, um saci pererê, um príncipe encantado, uma cadela com pelos negros, um papagaio que falava todas as línguas, um pé de vento que sempre rodopiava e me contava estórias das suas andanças, um homem com voz doce que parecia o papai noel...

Certa vez andando pelas matos do interior do meu avó, eu presenciei o casamento mais lindo que alguém podia sonhar: era de uma sabiá e um joão-de-barro. Foi uma beleza de festança, todos as familiares presentes, os amigos, coisa mais linda a cantoria deles... eles dançavam e cantavam tremulando as assas... toda a mata ficou com lágrimas nos olhos de tanta felicidade. Quando fomos visitar a casinha deles era uma belezura só, dava pra perceber que eles ficariam juntos a vida toda e que seriam muito felizes dentro daquela casinha tão repleta de cuidado e amor.

Teve um dia que eu estava muito muxoxa, parecia que a vida não tinha mais sentido para mim, acho que eu tava com doença da alma. Acho! Aí eu sentei numa pedra e fiquei derramando gotas de orvalho dos meus olhos e pensando que seria melhor que eu partisse de uma vez pra outro mundo e abandonasse tudo: o sol, as flores, a florzinha, os amigos... de repente, surgiu uma borboleta amarela grandona, mas muito grandona mesmo. Ela danou-se a conversar comigo e disse que ia me emprestar um par de assas que ela tinha de reserva só para eu conhecer o mundo lá de cima do céu e puder ver como viver era belo. Voamos muito tempo para o alto, acima das nuvens e bem perto das estrelas. Lá de cima eu conheci outras borboletas que também me esperavam no céu, ficamos sem dizer uma palavra durante muito tempo, eu olhava aquele mundo tão grandão lá de cima e pensava: como a gente podia viver num mundo tão imenso sendo tão pequeninho? Eu fiquei mais alegre de estar viva, me achei privilegiada e quis voltar pra terra e continuar minha caminhada por esse planeta de gente miúda. A borboleta, minha amiga, seguiu seu caminho, disse que um dia nos encontraríamos novamente para visitarmos outros lugares ainda mais distantes. Eu espero sempre por ela.

Tem um mês que eu vi cair uma chuva de sorvete, caiu como se fosse chuva, tinha de todas as cores, tudo quanto era sabor... hum, uma delícia!

Quando eu durmo na verdade eu acordo.

Malú, Nina, Sabiá Cardíaca, Rex, Smit, Coelhinho cinza, Peixe amarelo, Anne, Ratinho Encantado... resolveram apenas mudar de mundo e partiram para ficar com os seus. Agora eu não choro mais por eles porque eles me visitam em sonhos e até brincam comigo!

Florzinha beija a minha face todos os dias.

Eu consigo montar aquele quebra-cabeça da moranguinho de 2.000 mil peças num piscar de olhos.

Ontem fui até o interior do meu avó visitar os meus.

Não existem mais crianças maltratadas, e elas não apanham mais, e correm felizes brincando de esconde-esconde, picula, chicotinho queimado, gincana...

O alimento não é mais vendido, a gente vai até o pomar e colhe frutas, legumes... tão gostosos.

Dentro das casas existe muito amor... tudo é sereno e aconchegante.

Tem muita coisa no meu mundo das coisas que é bem diferente do que vemos no dia-a-dia, depois eu conto mais! Agora eu vou ter que dar atenção a um amigo beija-flor que venho fazer-me uma visita e contar as novidades de como anda seu mundo e as coisas de lá...

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