- Aonde você pensa que vai?
- Seguir...
- Qual estrada você prefere?
- A que está a minha frente.
- Por que?
- Porque eu sempre escolho a estrada que está a minha frente.
- Entendo. E o coração?
- Como?
- O coração... como tem passado?
- É... está batendo...
- Não seja engraçadinha, você entendeu a minha pergunta, não seja evasiva, aliás nem combina com você.
- Está bem, sem dores, sem mágoas, às vezes ainda sente saudade...
- De quem?
- De um rapaz.
- Qual deles?
- Esse interrogatório todo, é realmente necessário?
- Claro que sim! Você deveria me agradecer por estar sempre te fazendo ser realista e cada vez conhecer-se melhor. Poderia muito bem deixá-la igual às pessoas que... você sabe, ser mais uma na multidão e sentindo-se incompreendida pelo universo, pelos psiquiatras, pelos estudiosos, pelos amigos... pelo... pelos....
- Não seja arrogante, isso soa com uma prepotência sem tamanho...
- Não seja ingênua somos a mesma pessoa, então é bom ter cuidado com as palavras, principalmente nesse momento...
- Certo... você quer saber de quem meu coração sente saudade?
Daquele moço, o dos olhos de amêndoa, aquele...
- Aquele...
- Aquele de sempre, Caracas quem disse que eu preciso me expor para todo mundo, fazer com que a minha vida seja um livro aberto?
- Você própria! Faz parte do seu perfil, do seu caráter, da forma como você sempre se mostrou para o mundo, agora é tarde... antes que te condenem, vamos, fale a verdade! Você vai se sentir melhor, acredite!
- Certo... sinto saudade do mesmo, o que sempre estive, que sempre foi dono, que me condenam, do rapaz do passado, aquele que tive medo de assumir e que nunca me deixa em paz... o do verão, de Iemanjá, da via crucis. Ele... ele... ele... ele o mesmo menino artista e louco, incompreendido, perdido e dono do meu coração. Falei!
- E agora?
- Agora o quê?
- Sente-se melhor?
- Claro que não! Você complicou tudo... atrapalhou toda a misancene, estragou as únicas fitas que restavam, eu já estava conseguindo me enganar tão bem... estava tão segura. Por isso que às vezes tenho muita raiva de você! Você é muito cruel, principalmente comigo, não tem nenhuma tolerância, me deixa triste e sempre quer me testar. Por que isso? Quem disse que precisamos estar tão seguros de si? Quem disse que necessitamos ser tão forte? Você não é a dona da verdade e eu sei que você esconde também um monte de coisas... só não fico jogando-os na sua cara, te maltratando, eu respeito tudo que você quer esquecer, finjo sempre que esqueci. Por exemplo, eu fico te lembrando todo o tempo dos seus medos? Deveria fazer isso... te lembra-los um por um... fazer você resolver eles, encará-los, não é verdade?
- Não, não precisa...
- Não mesmo? Você não acha que eu deveria te ameaçar... Dizer-te para assumí-los?
- Não! Esquece. Você está certa, eu sou muito cruel com você. Mas não é por mal... é por proteção gosto de você, te acho o melhor de mim, mas queria te ver mais forte, menos coração de manteiga...
- Mas você já é forte demais por nós duas... já imaginou? Se eu fosse como você, seriamos a própria Bette Davis em “A Malvada”...
- Ahahahahahahaha...
- Ahahahahahahaha...
- Por onde você vai...
- Vou a qualquer lugar que você queira ir.
- Então vamos seguir em frente...
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4 comentários:
Quanto aos unicornios, é isso mesmo, querida. Eu tenho um unicornio azul.
bjo
Que bom saber de vc!
bjbj
Ahhh, mas às vezes seria bom mesmo que tivéssemos aqueles olhos e aquele ar de Betty... haha.
Acho bonito quando as pessoas se abrem assim, sem medo.
Que bueno que volviste!!!!!
Ya te extrañábamos.
Beso
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